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quarta-feira, 5 de maio de 2010

deu akele arrepio ao ler

Tu pega a tua camisa vermelha todo domingo, ou no meio de semana à noite. Pega teus amigos, a família, o ônibus, o carro, a bebida, o ingresso. Quando sente o cheiro da fumaça do churrasquinho de gato, tu entra no jogo. O cheiro se mistura com a grama, com a umidade do inverno – é noite de Copa, é dia de Copa. O ar fica diferente, o vermelho se ilumina, com os refletores, as camisetas, as bandeiras em vermelho e branco numa arquibancada que parece não ter começo nem fim. É noite de Copa. É o placar, o frio, o agasalho, a bebida que esquenta, o pulo que incentiva, vamos lá, é noite de Copa. O Inter vai entrar, faltam dez minutos. É a hora que o campo brilha nas chamas profundas do nosso paraíso. O paraíso da fumaça, da luz, do canto, do fogo. O paraíso pra nós, o inferno para quem nos enfrenta.

Quantas vezes não saímos de casa para uma noite de Copa pensando apenas no cheiro daquela fumaça? E em como aquele cheiro nos entorpecia, mais que qualquer droga, é um perfume de mulher amada, é um banho de mar, é a vitória, a vitória. Aquela sensação que nos enlouquece e faz cantar até a voz ficar rouca, chegar em casa suado, cansado, e esperar ansioso por mais uma noite dessas. É o Inter em campo, o suor deles é o nosso, a garra deles é a nossa, quando a bola corre, a gente sabe que pode sempre alcançar. Quando a voz acaba, a gente sabe que pode sempre cantar mais um verso. E dar mais um salto. E agitar mais uma bandeira. O que a gente precisa, agora, é desse algo a mais. Lembra como foi há quatro anos atrás, quando tudo parecia impossível? Pois é, a gente sabe que não é mais. Nada é impossível, nada é distante, todas as taças estão aí, a um museu de distância. É essa hora que temos que olhar pra nós pensando: o que perdemos? Nada. Não perdemos nada. Mudamos muito. Mas a sensação entorpecente da fumaça rubra e do cheiro da grama úmida e fria de uma noite de Copa a gente não perdeu. A gente lembra. E a gente quer de novo. E de novo, e de novo.
Quinta-feira o Internacional enfrenta o campeão argentino. É mais uma noite de Copa? Não. É a maior das noites de Copa. A noite que vem é sempre a maior.

E é por isso que nós não vamos medir as conseqüências. Vamos fazer de tudo para que todos sintam o mesmo que sentiram em 2006, 7, 8, e em outras tantas taças que conquistamos. A arquibancada não terá fim. A bebida não terá fim. As barras não terão fim. O suor, o frio, o pulo, a fumaça, a loucura, nada disso acabará. Serão 90 minutos, talvez mais. Para quem nos enfrentar, será um martírio eterno.

Por que a noite de Copa é o nosso paraíso e o seu inferno.

Todo sacrifício será pouco pela nossa nova Libertadores.

Até a vitória.